domingo, 11 de abril de 2010

VISITA AO CAMARADA MAO

No meio do salão escuro lá está o corpo estendido do grande timoneiro. Apenas sua face está iluminada. O esquife circundado por uma grande câmara de vidro. O silêncio é respeitoso, ouvem-se apenas as falas do pessoal da segurança vestido com ternos pretos e gravatas. Há uma grande quantidade de flores brancas depositas em frente ao ataúde.

O povo desfila contrito diante do líder da Grande Marcha que anunciou a fundação da República Popular da China em 01 de outubro de 1949.

Para este momento todos entraram em uma enorme fila que se alonga pela esplanada da Praça da Porta da Paz Celestial, se submeteram aos procedimentos de segurança que se tornaram corriqueiros em todos os cantos. Não se pode portar câmeras fotográficas e deve-se retirar o chapéu ao adentrar ao local onde se encontra Mao. Há um guichê onde se compram ramalhetes de flores brancas para um gesto de homenagem. Despende-se cerca de meia hora para realizar o circuito de entrar e sair do Mausoléu. Os populares parecem compenetrados e alguns até emocionados. O aspecto geral é o de um santuário, onde o povão reverencia seu padroeiro.

Porém ao sair do salão principal fica-se com uma pulga atrás da orelha. Será verdadeiro o Mao que se vê? O aspecto tão certinho de sua face lembra as imagens em cera exibidas em alguns museus. Logo em seguida entra-se numa lojinha como a da maioria dos museus, com muitas coisas a venda e esta com o tema: Mao. Medalhas para pendurar no pescoço como as dos santos, relógios, isqueiros, abridores de garrafa, bonés, camisetas, quadros, enfim uma loja de lembranças para faturar com os visitantes.

O líder da Revolução Cultural conhecedor do misticismo de seu povo talvez não imaginasse que após sua morte viraria o principal santo nacional de um país comunista, o maior país comunista contemporâneo e que aparentemente está dando certo, para ciúmes ideológicos do ocidente e também preocupação de todos de como será o Império que surge no horizonte oriental.

De um lado da Praça que presenciou uma das cenas mais eloqüentes de afrontamento entre o ser humano e o poder das armas, dorme a Cidade Proibida dos últimos imperadores, com um enorme retrato de Mao em sua porta e do outro repousa a múmia do camarada Mao. Assim se apresenta a China para os seus e para quem a visita.

Que pensariam aqueles muitos jovens que se engajaram em movimentos de inspiração Maoísta ao visitar hoje sua tumba?

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